sábado, 2 de outubro de 2010

OS RETIRANTES - CÂNDIDO PORTINARI

Esta obra me chama a atenção, pois é forte demais. Este painel , onde aparecem as pessoas sofridas, fracas, desnutridas, seus olhos sem brilho. Estão famintas, perdidas, sem esperança. 
Estes retirantes saíram das suas origens para tentar uma vida melhor, porque sua situação é de uma miséria gritante.
Os governantes não escutam seus lamentos, seus gritos, suas lágrimas, suas aflições, seus dilemas, suas feridas, sua fome.
A mulher que está com uma trouxa de trapos na cabeça, seu filho nos braços, suas roupas rasgadas. Acredito que ela queria tomar um banho, trocar suas vestes, comer, dormir e esquecer que está neste labirinto. 
O teto destas pessoas, que aparecem na tela, é o céu, suas cobertas são o vento, suas camas são o solo contaminado pelas bactérias dos restos de animais mortos, os morcegos ou os urubus, que estão voando sobre suas cabeças; seus pés calejados pisando no solo escaldante. A situação mostrada pelo artista é cruel.
Vendo esta obra incrível, me lembrei de minha terra, Alagoas. Quando eu morava lá, andava descalça também, vestia vestidos e calcinhas feitos de saco. Os meus filhos andavam com os pés descalços, as barriguinhas cheias de vermes, desnutridos, porque não tinha comida. Bebíamos água de poço, cheia de cocô e xixi de vaca, por isso essa água era bastante contaminada com todas essas impurezas. Nossa comida era côco catolé (côco de uma palmeira do norte), pitomba, cana, taioba, cajá, inhame da mata, aruá, farinha, banana verde, tanajura, pirão de peixe e ingá.Os meus olhos também não tinham brilho, assim como os olhos de meus filhos.
Quando cheguei na metrópole, São Paulo, meus pertences deixei em três ou quatro casas, pois não tinha onde deixá-los e onde fui morar não cabia, porque o lugar era muito pequeno, ou seja, um quarto e cozinha, banheiro do lado de fora. Era só pobreza e miséria. 
Eu também sou retirante, por isso entendo a tristeza e a crueldade da vida neste emaranhado do destino.

Obs. 
1.Texto produzido após a apreciação da tela Os retirantes, de Cândido Portinari.
2. Quer conhecer a obra de arte citada? Acesse: http://www.portinari.org.br/IMGS/jpgobras/OAa_2733.JPG







quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Minha cidade

Santa Efigênia, minha cidade...
Minha cidade? povoado.
Rua da minha infância
rua larga,
de terra,
poeirenta,
meninas girando a ciranda
"Ciranda
cirandinha,
vamos todos cirandar..."

Rua larga,
casas de barro,
pequeninas,
vermelhinhas,
sem janelas,
sem jardim,
sem cerca,
livres.

Santa Efigênia...
Circo e palhaços,
risos e alegria,
sustos e surpresas,
quermesses,
cavalhadas,
muitas gentes,
muitas músicas,
cheiro de sorvete de uva no ar.

Festas, dança, música,
circo, diversão,
estudo, educação,
casar,
viver,
ser mãe,
com amor,
com emoção!
Sonhos perdidos,
à tudo: NÃO!

Minha mãe...
cruel,
muito desumana,
muito sem amor.
O meu marido...
carrasco, rude
sem amor próprio.
Sentimentos:
dono do mundo, dono de mim.

Santa Efigênia, Alagoas
marido, separação:
Libertação.
Sentimentos:
dona do mundo, dona de mim.

Obs. Texto inspirado no poema "Minha cidade" de Cora Coralina.

Quem é Jô Teixeira?

Meu nome é Jô Teixeira, tenho 56 anos, moro em Botucatu. Sou mãe, avó, esposa, trabalhadora, evangélica, agora internauta e a mais recente blogueira da web.
Pretendo publicar aqui minhas reflexões sobre a vida, meu cotidiano, meu trabalho, as pessoas.